Delação da JBS agita semana política no Ceará

A semana inicia agitada não só âmbito nacional, mas também no cenário local. Isso porque as delações do dos sete executivos do grupo J&F, dono do frigorífico JBS, atingiram grupos políticos do Ceará. As delações foram divididas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em 32 pedidos de investigação e enviadas para cinco estados – Paraná, Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Rondônia e o Distrito Federal. O assunto fará parte das discussões nas Casas Legislativas cearenses a partir de amanhã. Por enquanto, as discussões se resguardam aos bastidores e declarações públicas de parlamentares da oposição.
No caso do Ceará, os executivos citaram o ex­-governador do Ceará, Cid Gomes (PDT), e o atual presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (PMDB), como receptores de propinas oriundas da empresa. Conforme a delação, os políticos cearenses receberam, respectivamente, R$ 20 milhões e R$ 5 milhões.
As informações obtidas nas delações vão servir de base para as instâncias da Justiça nessas regiões decidirem se novos inquéritos serão abertos.
O líder da oposição na Assembleia Legislativa, deputado Capitão Wagner (PR), prometeu protocolar, hoje, um pedido de impeachment contra o governador Camilo Santana, por ter sido o beneficiário dos recursos repassados a Cid Gomes, conforme delação premiada. Wagner promete levar a temática para o plenário da Assembleia Legislativa. Para ele, independente de quem sejam os acusados, todos devem ser condenados a partir das provas. “Não queremos nos precipitar, seja quem for, do PSDB, do PMDB, do PR, do PT… seja qual for o partido, todos devem ser punidos”, defendeu ele, afirmando ainda que o presidente Michel Temer (PMDB) não tem mais “a menor condição” de permanecer à frente do país.

Aliados, porém, já saíram em defesa do ex-governador Cid Gomes. Inclusive, o atual governador Camilo Santana. “O que posso afirmar de forma categórica é que o ex-governador Cid trata-se de um homem sério e que não compactua com coisas erradas”, disse Camilo. Sobre as doações de campanha, o governador ressaltou que seguiram a lei e, portanto, foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitora do Ceará. Quem também saiu em defesa de Cid foi o prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio. O pedetista disse ter convicção da “dignidade” do correligionário.
Redução de pena
Apontado pelo delator como um dos porta-vozes de Cid, o deputado licenciado Antônio Balhmann se defendeu nas redes sociais e afirmou que “contribuições eleitorais foram formais, legais, previstas na legislação e declaradas”. Segundo ele, os delatores tentam “confundir o povo brasileiro com o propósito de obter diminuição de pena, tratando doação lícita de campanha e propina como se fossem a mesma coisa”
“Uma coisa é contribuição de campanha, que é prevista na legislação dentro dos limites legais, que estão incluídos dentro das prestações de contas apresentadas à Justiça Eleitoral. Outra coisa completamente diferente é a propina, a relação incestuosa entre o meio privado e o meio público”, disse o gestor em vídeo publicado em sua página oficial no Facebook.

Eunício
O presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (PMDB), também já tratou de rebater as acusações. Segundo o senador, depoimento de delação premiada seria composto por diálogos “imaginários” e “mentirosos” sobre ele.
“Os diálogos relatados pelo delator são imaginários, nunca aconteceram, são mentirosos, como é possível constatar na prestação de contas do diretório nacional de PMDB ao TSE”, disse Eunício, em nota. Segundo um dos delatores da JBS, o repasse ocorreu após Eunício atuar pelo interesse da empresa na aprovação da Medida Provisória que alterou regras do PIS/Cofis.

Defesa
Embora dos delatores não tenham citados outros parlamentares cearenses, alguns já começaram a tomar providências. Caso do vereador Célio Studart (SDD). Na última sexta-feira, o parlamentar pediu para Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Eleitoral para investigarem suas contas de campanha de 2014, quando disputou uma das vagas para Câmara Federal. Isto porque , segundo informações dos delatores, a quantia, repassada pelo Comitê de Camilo Santana – candidato à época ao Governo do Estado -, serviu para pagar o programa de rádio e televisão no horário eleitoral dos candidatos.

Apostas
Para o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB), o cenário, sobretudo o nacional, é “grave” e “instável” e, portanto, “não tem uma previsibilidade das ações que o Congresso irá adotar a partir de terça-feira”, quando novamente ocorrerá sessões plenárias. “Existe uma fragilidade em todos os poderes e, isso, prejudica a retomada do crescimento”, destacou o tucano.

No caso do PSDB, o parlamentar parabenizou a escolha do senador Tasso Jereissati como interlocutor do partido neste momento e afirmou que a legenda acertou que, hoje, após 72 horas, se reunirá para discutir o mapa da atual situação e, assim, avaliar se permanecer na base do governo. “PSDB irá dialogar porque é autor da ação de cassação da chapa Dilma-Temer”, explicou, acrescentando que a sigla não busca cargos, mas contribuir para o crescimento do país. “Tudo que foi construído está estagnado”, disse ele, ressaltando que o ninho tucano deve manter a mesma coerência durante o processo de impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff.
Já o deputado André Figueiredo (PDT) afirmou que a oposição manterá esta semana suas articulações para ver por qual caminho seguir, uma vez que não acredita na renúncia por parte do presidente Michel Temer.

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